Angústia, trauma e gozo

Angústia, trauma e gozo

 

AUTORA: Eliane Z. Schermann

REVISTA: Stylus: revista de psicanálise No.9 Outubro de 2004 (p.28-41)

 

     Emilio Granzotto, entrevistando Lacan para a revista italiana Panorama em 1974, indaga-o: "O que leva as pessoas a se analisarem?". Jacques Lacan responde:

 

     O medo. Quando lhes acontecem coisas que, mesmo desejadas, quando elas acontecem, elas não compreendem. Por isso o homem tem medo. Ele sofre por não compreender e, pouco a pouco, cai num estado de pânico. É isso a neurose. Na neurose histérica, o corpo fica doente devido ao medo de estar doente, até mesmo, sem o estar na realidade. Na neurose obsessiva, o medo coloca coisas bizarras na cabeça, pensa-mentos que não podemos controlar, nas fobias as formas e os objetos adquirem significações diversas, e ... geram medo.

 

     Em lugar de nos orientarmos por uma cronologia, ex-trairemos da construção teórica de Freud algumas de suas descobertas sobre as noções de angústia e de trauma para realizar uma aproximação à noção de real do sexo em Lacan. Recorremos à definição do termo freudiano Angst cuja tradução literal do alemão significa "medo" [Hanns. Dicionário comentado do alemão de Freud (1996, p.62)] e "indica um sentimento de grande inquietude perante ameaça real ou imaginária de dano, podendo variar de gradação que vai do receio e do temor ao pânico ou pavor". "[...] Refere-se tanto a ameaças específicas como inespecíficas".

 

     Freud, desde o Projeto (1895), aborda o trauma como uma tendência a repetir as marcas deixadas por uma primeira "experiência de satisfação ou dor", não importando se esta é real ou imaginária. Nos anos 1920, após a formalização da segunda tópica, Freud destaca, na tendência a repetir, o que em termos lacanianos se aproxima à noção de "uma abertura no saber inconsciente", lugar em que se manifesta o que é da ordem da pulsão de morte, máscara simbólica do vazio de significação na qual o desejo se cristaliza. A pulsão de morte - escreve Freud - é muda, isto é, não se realizou porquanto o reconhecimento simbólico não foi, por definição, estabelecido.

 

     Acompanhando o retorno de Lacan a Freud, observamos que, distinta de uma reprodução imaginária, a repetição será relacionada à com-pulsão à repetição freudiana, Wiederholungswang Sempre em busca de satisfação, o desejo esbarra e se cristaliza em torno da angústia de castração. Esta é outra forma de dizer que o saber sobre a sexualidade é avesso à representação. Enfim, a sexualidade é traumatizante e o real do sexo apenas pode ser representado pelo acidente que vai do trauma à fantasia. Essa é a tela dissimuladora de algo determinante na repetição [Lacan. O semináno livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964) (1979, p. 61)].

 

     Freud observa na insistência e na repetição inconsciente o que, em Lacan, consideramos como da ordem do real e da impossibilidade de completude na "relação sexual". Isto porque a angústia de castração, sempre traumática, é "como um fio que perfura todas as etapas de desenvolvimento" [Lacan. O semináno livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964) (1979, p. 65)]. O real não é o encontrado, mas 'reencontrado' miticamente. Abordado de distintas formas, "o real é o impossível de dizer", "o real retorna sempre ao mesmo lugar" [Lacan. La Tercera (1988, p.81)]. Enfim, "o real é o que anda mal" [Lacan. La Tercera (1988, p.81)], signo de impasse de um desejo se manifestando de forma singular, em especial, no encontro dos sexos.

 

 

a fobia, o real e o sintoma

 

 

     Em seu texto sobre a fobia de Hans, Freud observa que "a libido recalcada, quando ela não é convertida e permanece livre, transforma-se em angústia". Em Inibição, sintoma e angústia (1925), Freud define o medo como a expectativa angustiante de que algo inesperado possa acontecer a qualquer momento e, conseqüentemente, ameaçar a integridade do eu. Nos termos lacanianos, é preciso a presença de um traço, de Um objeto, de um significante para fixar a dispersão pulsional que invade o Isso, sede das pulsões.

 

     Devido à ameaça de submergir na pura dispersão das pulsões sem pé nem cabeça, faz-se necessário à integridade do Eu um ponto de basta. É o que descreve Freud em relação à resposta ao apelo de proteção do pequeno Hans ao que até então nele agia (as pulsões e a libido) como ameaça à integridade psíquica. Ao constatar a castração, Hans ri. Então, Freud afirma que o pequeno Hans havia constatado e simbolizado a castração. Ele pode falar sobre sua "besteira" já no passado dizendo que o "pipi de Ana" é "engraçado". O gozo expresso no riso é condensado no significante "engraçado" para desvelar que o trauma devido à descoberta da diferença sexual já porta a marca da castração.

 

     Uma fobia se estrutura de forma correlata ao surgimento do sintoma. Dito de outra forma, ambos - fobia e sintoma - funcionam como metáfora do medo e do desamparo em que o sujeito é introduzido pela indeterminação de uma resposta ao apelo endereçado ao adulto. Para responder às inquietações despertadas pelo real da sexualidade, para responder às dúvidas sobre a diferenciação sexual - por exemplo, as questões levantadas por Hans entre objetos animados e inanimados, para atender ao despertar de sua curiosidade sexual - o pequeno Hans "provoca" o desejo do Outro. O que o Outro quer? E se do Outro ele não obtiver uma resposta? O maior temor do neurótico é constatar que ao Outro falta... O Outro pode não responder por ser castrado. O significante - cavalo - que havia surgido para Hans como substituto do rastro simbólico da indizível ameaça, sempre ameaça de castração do Outro [Sequndo Lacan, o maior temor do neurótico é se deparar com a castração do Outro.], instaura um possível sentido [Para Freud, o termo sentido, conotado sempre na vertente do sentido sexual, pode ser abordado, por um lado, em intencionalidade ou desejo na busca de um objeto da ordem do impossível para a satisfação/ insatisfação sexual (outro nome freudiano para o termo lacaniano que correlacionamos com o real do sexo e com o memorial de gozo). E, por outro lado, o sentido também pode ser considerado apelo de significação e endereçamento ao que foi instaurado como um enigma.] ao ser substituído pelo significante "engraçado".

 

     Trata-se do significante que insistentemente porta ao desejo a marca simbólica da diferença. Sua função será a de fixar a dispersão pulsional. Enfim, a dispersão pulsional angustiante encontra neste traço um ponto de basta ao circuito despertado pelo desejo de saber sobre o sexo, sobre a origem do nascimento ou pelas indagações sobre quem é Hans no desejo do Outro. Na função de responder ao desejo e fixar a dispersão pulsional angustiante, a marca simbólica da diferença sexual adquire conotação imaginária ou valor fálico.

 

     Signo de uma ausência, o objeto é correlato ao buraco aberto no saber inconsciente pelo trauma. Ele porta a marca de seu apagamento e perda que traduzimos na expressão lacaniana por trou-matismo. É trou - "buraco", tradução do francês para o português - por se tratar do traço repetitivo de um vazio que traduz em reminiscência a perda de objeto. Excesso de dor e desamparo, característicos do desejo insatisfeito da histeria, ou excesso de satisfação, característico do desejo impossível da neurose obsessiva, são efeitos das experiências "trou-máticas" advindas ao lugar daquelas esperadas como satisfatórias pelo desejante. A angústia é a forma mais radical de sustentar, por meio da perda repetitiva de objeto, o desejo de preencher a falta de certeza e garantia no Outro. Ela faz do desejo "fuga para a frente" [Lacan. O seminário - livro 8: A Transferência (1960-1961) (1992, p.353).]. O desejo sempre buscará significar as experiências trou-máticas em um a posteriori.

 

     Desde os textos freudianos considerados pré-psicanalíticos, antecipa-se a noção freudiana de traumatismo definida como efeito da repetição de uma experiência modulada pela dissociação entre a idéia e o afeto. Será que nesta abordagem freudiana podemos já destacar uma antecipação do real lacaniano?

 

     Requisitado pelo desejo a responder, o "aparelho psíquico" se manifestará nos intervalos da cadeia associativa pela insistência e repetição dos traços mnêmicos. Os traços e as marcas do impossível de ser significado evocam o que restou das lembranças do trou-mático. Um traço mnêmico apenas invocará uma situação anterior decorrente de um "traumatismo". Trata-se de um traço ou marca de uma experiência, geralmente sexual, que se repete: Widerholungswang na qual o sujeito se reconhece e identifica sua própria perda. Este hiato faz o sujeito sempre retornar ao lugar em que o furo, a falta convoca o desejo a se manifestar.

 

 

a angústia e a repetição

 

 

     Os tempos do trauma são apenas passíveis de serem significados como tal em um "só-depois". A verdade do desejo se articula. Nem todo sentido, entretanto, é apreendido no universo da representação ou do significante. Há algo que permanece no âmbito do non-sense e se investe de um "sentido" irrepresentável. Esse algo inconsistente e contingente pode ser, por exemplo, uma voz que se escuta para além da satisfação e do gozo impossíveis de serem ditos. Ou ainda, a contingência de um olhar apreendido por uma imagem como a do "andar de Gradiva" que captura Hanold [Freud. Delínos e sonhos na Gradiva de Jensen (1907/1974, p. 27).]. Os escombros ouvidos ou vistos serão a-presentados apenas por substitutos do vazio do objeto evocado ao escaparem ao recalque e à castração, sempre castração do Outro.

 

     Ao descrever a "experiência inaugural do aparelho psíquico", Freud aborda o psiquismo como correlato ao pensa-mento inconsciente e ao encadeamento "neuronal" de imagens, traços ou restos mnemônicos e idéias. Do objeto convocado pelo desejo, apenas "sua imagem mnemônica". Se o objeto, por um lado, projeta uma imagem mnemônica, podemos supor que originalmente ele é sem imagem. Trata-se do "objeto desde sempre perdido" freudiano. Será que podemos considerar neste conceito freudiano uma certa anterioridade lógica ao objeto a de Lacan? Será que poderíamos correlacionar logicamente o objeto "perdido para sempre" e o objeto a lacaniano se considerarmos, em ambos, seus aspectos não absorvíveis pelo psiquismo? E mais ainda, seu aspecto contingente e inconsistente?

 

     Enfim, consideramos que algo somente existe ao ser nomeado como tal! Segundo Freud, desde 1894, a experiência de excitação somente será significada ou representada ao ultrapassar um certo limiar da percepção. Assim, aquela "uma" primeira experiência de satisfação/insatisfação ou dor, relativa a uma "excitação" a-mais, não será plenamente absorvida pela concatenação dos significantes articuláveis pelo pensamento inconsciente. Ela deixa um hiato. Entretanto, a memória tenta recuperar as lembranças dos restos esquecidos e perdidos do objeto insistente em se a-presentar.

 

     Destacando da neurastenia uma síndrome particular intitulada "neurose de angústia", Freud define a angústia pela "tensão sexual somática". Ele afirma: "a tensão, modulada na "dissociação entre a idéia e o afeto", protocada pela sexualidade, quando ela é separada do psiquismo, transforma-se em angústia". O grifo é nosso. Destacamos em itálico a expressão "separada do psiquismo" para reforçar o espaço aberto, o hiato deixado entre a idéia, marca ou lembrança e sua separação do afeto.

 

     Ao distinguir, em suas descobertas pré-psicanalíticas, o pensamento inconsciente da fonte de excitação ou tensão, Freud constata uma defasagem ou hiato entre percepção e pensamento. Conseqüentemente, uma temporalidade sobressai caracterizada por um "antes" mítico e um a posteriori ou um tempo só-depois em que haveria uma busca de correspondência e de identidade entre percepção e pensamento. Não havendo coincidência entre eles, seu efeito será a alucinação ou a fantasia.

 

     Freud acentua no Projeto que a excitação somente seria transformada em pensamento quando ultrapassasse um certo limiar da "barreira de defesa". Para ser significada no psiquismo e transformada em sintoma, a percepção da experiência traumática decorrente do acúmulo de excitação deveria ter sofrido um desvio do psiquismo. Assim, um impulso só poderia ser conotado como sexual e traumático caso tivesse ultrapassado este limiar da percepção. Por exemplo: por si só, a dor não deixaria marcas no psiquismo senão quando tivesse ultrapassado um certo limiar da percepção.

 

     Apenas ao exceder um certo limiar a excitação ou tensão seria apreendida como "exigência da libido". Ultrapassadas as "barreiras de defesa", a libido[A noção de libido já aparece em Freud desde os seus textos pré-psicanalíticos de 1894.] transformaria e fixaria o excesso de excitação em um representante da representação [Representante da representação é o nome freudiano dado ao que mais tarde Lacan conotará como traço ou marca significante ao que Freud nomeia de "representação ideativa" ou "representante psíquico da pulsão".]. Somente então a excitação operada pelo psiquismo e transformada em idéia ou pensamento poderia ser considerada libido. Caso contrário, seria angústia. O "trauma" seria correlato à incapacidade de "ligar" excitações excedentes resultantes da ruptura das "barreiras de defesa".

 

     Ao dar ênfase ao acúmulo de excitação ou ao excedente de "energia", Freud destaca o funcionamento de um "estado de urgência" que necessitaria da "ação específica" do "próximo" - tradução do termo alemão Nebenmensch -, para ser significada e transformada em idéias e pensamento.

 

     Freud havia partido da seguinte premissa (processo primário) : "toda diminuição de energia seria experimentada pela consciência como prazer, todo aumento como desprazer ou dor" [Freud. Projeto de uma psicologia para neurólogos (1895).] (Projeto). A "experiência de satisfação/insatisfação" fora considerada o primeiro sinal a afetar o sujeito, a levá-lo a evocar lembranças ou a adverti-lo de algum perigo iminente. Então, o prazer sempre será conotado por estar em falta e defasado com o esperado. A angústia será sua marca.

 

     Naqueles primeiros momentos de suas descobertas, Freud já destacara a necessidade de conotar pela repetição o excesso de impulso, tensão ou excitação. A lembrança de uma primeira experiência de prazer ou de dor, real ou imaginada, atualizar-se-ia a cada vez que ocorresse uma experiência similar.

 

     Podemos aproximar a noção de excesso, ou de hiato, à noção de trauma e de angústia. Freud aborda o recalque como um mecanismo que fixaria a tensão, também chamada de energia livre, excitação ou impulso psíquico. É noção de suma importância para o trabalho inconsciente na experiência de análise na medida em que é a fala e o discurso que faz do ser falante, nos termos lacanianos, "falta-a-ser". É este hiato, em torno do qual oscila a presença e a ausência do traço simbólico com sua estrutura de significante, que empurra o desejo por uma ação cujo contexto assume o caráter de "fuga para a frente".[Lacan. O seminário - livro 8: A transferência (1960-1961), (1992, p. 355).]

 

     Destacamos no trauma a importância da repetição. Embora tenha relação com o que permaneceu fixado - fixierung, termo freudiano - pelo mecanismo de recalque, o traumático terá sempre a conotação de uma repetição do novo. Dito de outra forma, "de novo", portando a cada vez um traço distintivo. Uma primeira experiência perceptiva, de prazer ou de dor, uma vez percebida será percebida em uma próxima vez como desta vez [Pesquisa realizada por Olympio Xavier e apresentada no seminário de Escola sobre a angústia. Este seminário é coordenado conjuntamente por Eliane Z, Schermann, Clarice Gatto, Graça Pamplona, Maritza Garcia e Oiympio Xavier.]. O "desta vez" que aparentemente poderia ser uma reaparição é, na verdade, uma marca diferencial.

 

     Observemos os argumentos de Freud sobre a manifestação repetitiva da angústia em sua relação ao trauma. A neurose de angústia se manifesta a cada vez que o mecanismo do recalque se enfraquece. Nesta repetição, ousamos encontrar o germe do que, funcionando no lugar de marca significante, segundo Lacan, causa e gera um novo sentido. Ali já está o germe da repetição do novo.

 

     Nesta "reaparição" sempre vai faltar um ponto para corresponder plenamente ao significante original do recalque. A marca recebida pelo sujeito do que está na origem do Urverdrängt estará sempre em falta para responder ao apelo de significação ou de representação. Trata-se de uma marca única e diferencial relativa ao surgimento de um significante original. O traço diferencial "a-parece" [Retomo o equívoco significante lacaniano entre parecer, aparecer e para-ser (paretre/aparetre/par-être)] no momento e no ponto em que passou à ex-sistência inconsciente. O desejo só pode recebê-la como diferença. Dissemos não haver identidade perceptiva por ser precisamente a diferença o que especifica o inconsciente.

 

     No retorno de Lacan a Freud, concebemos a repetição da marca da diferença como falta, e sua "reaparição" no inconsciente como insistência. Distinta de uma reprodução imaginária, a repetição será sempre um encontro faltoso com o que Lacan destaca com o que é da ordem do real.

 

 

o tempo, a angústia e o trauma

 

 

     Ainda nos momentos iniciais de suas pesquisas sobre a etiologia das psiconeuroses de defesa, considerando a hipocondria inserida no campo das psiconeuroses (depois, ele a insere no campo das psicoses), Freud descreve "a espera angustiante de que algo inesperado possa acontecer". Nessa expectativa há a antecipação de algo percebido ou imaginado que somente poderá ou não vir a ser significada em um só-depois. Essa temporalidade marcada pela espera angustiante de uma ameaça iminente será relativa ao trauma realizando-se em, pelo menos, dois tempos. Há um tempo inaugural no qual nada se inscreve até um certo limiar aquém do qual predomina um prazer sempre em falta. Esse prazer em falta será percebido como ameaçador à integridade do eu e do aparelho psíquico.

 

     Na melhor das hipóteses, no caso da neurose, um tempo inaugural deixará uma marca para afirmar - Bejahung - ali ter havido algo que nada mais será que lembrança ou reminiscência de uma experiência passada. A repetição desta marca é um sinal de advertência ao eu da proximidade de uma ameaça iminente. Sua lembrança desperta um perigo à integridade do eu. Este perigo imaginado ou real adverte o eu gerando o que Freud nomeia de "angústia sinal".

 

     Enfim, o trauma atualiza-se em, pelo menos, dois tempos: o do acontecimento ou fato real ou imaginado e um outro tempo que o antecipa. A esses dois tempos descritos por Freud, ousamos acrescentar um terceiro: um tempo contingente que pode ou não significar os anteriores, dar-lhes ou não sentido. Poderão estes tempos freudianos do trauma ser considerados um preâmbulo para os estudos de Lacan sobre o tempo lógico? Há um "instante de ver" o fato [O significante "fato" vem de "factiadade". O termo fatum também significa "destino", assim como nele encontramos o mesmo radical do termo fare correlato ao "fazer" ou "saber lidar com"...] real ou imaginado, um tempo de compreender sobre o que resta da inconsistência e, enfim, há o momento de concluir sobre o tempo que já passou e sobre como lidar com ele. Poderá o sujeito encontrar seus recursos para "saber lidar" com esta inconsistência nomeada de real do sexo, ou ainda, de castração e de inconsistência do Outro? Ao Outro falta...

 

     Freud trabalha o suporte do que restou do ouvido e visto exemplificando-os nos momentos lógicos da fantasia fundamental. Mais especificamente, encontramos em seu texto de 1919, Bate-se em uma criança, um desenvolvimento bem mais elaborado sobre os momentos fecundos da fantasia. Ele destaca, em especial, o instante em que o sujeito se depara com o desejo de "nada querer saber d'isso" [Momento este em que o "não" da expressão "não querer saber d'isso" é relativo à marca do recalque originário.]. No entanto, neste momento também o sujeito se depara com o mais estranho [Estranheza essa devida ao processo de recalque e à negação. O desejo ali se revela quando o sujeito denega. Podemos retomar o exemplo freudiano: a expressão "não é minha mãe" desvela o desejo do analisante de Freud por ela.] e, ao mesmo tempo, com o mais familiar de sua subjetividade. Ali está a origem da satisfação pulsional traduzida, por Freud, na expressão de sofrimento e trauma mais recônditos: "eu apanho do meu pai".

 

     Neste gozo [Consideramos a satisfação pulsional, definida por Freud, no "apaziguamento ou na supressão do estado de excitação na fonte da tensão", correlata ao conceito de gozo em Lacan - O seminário - livro 17: O avesso da psicanálise (1969-1970)-quando é definido como "a forma primeira da entrada em ação da marca, do traço unário, que é a marca para a morte" (p. 169). Lembremos que Freud define a pulsão de morte como a tendência a reduzir as tensões ao mínimo de excitação, tendem a reconduzir o ser vivo ao estado inorgânico. Aqui vemos delinear-se também a entrada em ação do significante na homofonia permitida pela língua francesa tu es/tuer. No momento em que designa o sujeito, também o abole. Neste sentido, o que resta ao sujeito para se reconhecer ou se localizar minimamente é apenas um memorial de gozo.] indizível - "eu apanho" - há uma mínima possibilidade de reconhecimento. Neste ato, o sujeito tenta se representar transformando em significante metafórico a satisfação/insatisfação pulsional, outro nome ao gozo inefável. Nas entrelinhas do desejo, o que é gozo se esvai entre significantes. O desejo, este sim, articula-se. Por isso a fantasia é satisfação imaginária requisitada pelo desejo para lidar com o que escapa no hiato aberto pela divisão subjetiva: [$ ? a].

 

     Lacan retorna a Freud para demonstrar que, na travessia da fantasia - trabalhada por Freud na fantasia paradigmática "bate-se em uma criança" -, duas indeterminações se superpõem. Por um lado, há uma indeterminação do sujeito vaga-mente referido no gozo desvelado/velado no artigo reflexivo "se". Por outro lado, há uma indeterminação do Outro, encarnado na indeterminação do adulto. Quem bate? O sujeito fica sem resposta porquanto a castração do Outro é pura inconsistência e indeterminação.

 

     Enfim, há ausência e impossibilidade ao sujeito e ao Outro de serem representados pelo significante. No sujeito e no Outro falta uma definição/representação simbólica. Esses termos apenas se articulam nos significantes que se concatenam para tentar suprir o que é pura ausência. Ou, mais ainda, enlaçam-se delegando ao pequeno a o lugar de pura ausência em um e pura perda no Outro. Este pequeno a então é correlato ao lugar vazio conotado pela repetição de um traço distintivo de gozo. Essa marca essencial e particular, memorial de gozo, permite vagamente extrair um certo saber inconsciente porquanto ali algo insiste em desvelar para o sujeito o real traumático do sexo. Podemos traduzi-lo na expressão lacaniana "não há relação sexual". Apenas existem modalidades distintas de gozo encontrando-se no ato sexual. Na marca distintiva, cada sujeito vagamente se "reconhece" em "seu modo peculiar de gozar na medida em que esse é determinado pelo inconsciente" [Lacan. Le sinthome (1975), seminário inédito.]

 

     Com efeito, o homem alucina, fantasia ou "sonha" (tradução do termo alemão träum) encontrar uma resposta para o hiato aberto no psiquismo pelo real do sexo. Nesta abertura é por onde ecoa e escoa a angústia. A angústia não é outra senão a de castração, lugar em que se aloja o gozo repetitivo e em perda. Como pura perda, o gozo ecoa e "ronrona" nas bordas do corpo dando consistência à pulsão escópica que tenta, em seu circuito, enquadrar nas lembranças o que escapa de simbólico. Sua repetição é sempre da falta de um objeto específico para satisfazer à constância e à exigência do circuito pulsional.

 

 

a angústia e o sentido

 

 

     Na Terceira, Lacan define a angústia na margem entre o imaginário e o real. Ele especifica: é invasão do imaginário no real. Para a experiência de análise e do ato analítico, a angústia é de suma importância para a técnica da interpretação. A interpretação deve incidir na marca da falta que se repete, marca diferencial e ex-sistente, visando permitir ao analisante se apropriar de seus tropeços e se lançar para além dos atributos do objeto. Assim, o analista visa ao real apenas alcançado nos intervalos da metonímia do simbólico, ou seja, nos hiatos deixados abertos nos intervalos da concatenação significante, lugar no qual a surpresa irrompe devido à equivocidade significante.

 

     Já não é da ordem do necessário, mas do contingente, que o inconsciente seja significado em palavras. Para que um sujeito saiba lidar com aquele rastro não absorvido pelo significante, ou ainda, para intervir no que está à deriva do simbólico - o que nada mais é do que gozo pulsional -, a interpretação deve visar não à significação, mas ao que se passa nas entrelinhas do entredito e do interdito.

 

     Logo, a interpretação intervém sobre a angústia e sobre o que é da ordem do trauma para esvaziá-los de gozo e, então, incitar outra forma de com eles lidar. Ela incide apenas nos intervalos do dito pelos quais o sujeito tenta se representar, o que é da ordem do impossível. A experiência de análise não é da ordem da representação nem da identificação, mas da a-presentação. No pequeno a separador e distintivo, um resto de gozo pode também ser jocoso por permitir o sujeito rir d'isso. Por que ali está o âmago de seu ser! Para saber lidar com o pequeno a esvaziado de gozo, há um tempo para fazer surgir algo de novo. É o que Lacan aborda no significante da falta no Outro, algo que se desprende do matema de S (A barrado) para, então, advir como apetência ao saber inconsciente.

 

     Lembremos que a castração é sempre relativa ao Outro. O efeito de surpresa irrompe do buraco aberto no Outro, podendo também provocar o riso na testemunha, funcionando em um lugar terceiro, como Freud destaca na dritte Person em seu texto sobre O Humor. O efeito de riso é correlato ao hiato de significação aberto pela castração e na inconsistência do Outro que não responde.

 

     Assim a escansão da interpretação na vertente da enunciação e da verdade deve fazer emergir um "a-mais" às formações do inconsciente. Por outro lado, o analista será apenas um "quase nada" nessa ruptura temporal do ato interpretativo. Em todo caso, esta ruptura deve ter significado em algum momento: "você o disse". Assim como o ato interpretativo pode levar a rir d'Isso!

 

 

destinos da sexualidade e real do sexo

 

 

     Seguir as pesquisas e o percurso de Freud sobre a angústia nos permite avançar até a teoria desenvolvida por Lacan sobre o campo dos gozos. Lacan vai um pouco além dos impasses freudianos sobre os finais de análise e sobre o rochedo da castração. Distante de tentar esgotar todas as correlações e distinções entre Freud e Lacan no que um antecipa o outro no âmbito do real, retomemos por exemplo a vertente freudiana sobre as vicissitudes da feminilidade e o "continente negro" da sexualidade, construída e desconstruída por Lacan quando aborda o real do sexo e os enigmas da mulher. Impossibilitado de responder e definir "o que quer uma mulher", Freud se dedicara a discutir o "tornar-se mulher". Lacan aproxima a vertente mulher com o que é da ordem do real e com o "impossível de dizer".

 

     Quando Lacan mostra o desejo esbarrando em um "impossível de dizer", poderíamos aproximar ao que Freud nomeia, no fim de sua obra, de mal-encontro com o "rochedo da castração". Consideremos o medo do neurótico ao se deparar com a castração do Outro. O que ele verdadeiramente teme é o que daí ecoa, escoa e se encontra em um mais além da castração: o gozo indizível e irrepresentável por ser relativo à "insustentável leveza do ser". Ousamos também estender a expressão freudiana "o umbigo do sonho" ao encontro sempre faltoso com o "impossível de dizer". Isto porque o real do sexo é sempre traumático.

 

     O que de real e traumático há na expressão lacaniana "a relação sexual não existe"? Uma mulher ex-siste à lógica fálica. Por isso, uma mulher pode ser um "trauma" para o homem. Isso porque ela pode evocar o que escapa ao sentido na pulsão que insiste. Esse mais além ameaça romper o que no homem se sustenta pela lógica fálica [Por exemplo: sua imagem de homem, seus bens etc. Enfim, tudo que um homem pode conotar pela medida fálica.]. O falo é o significante privilegiado para manter a imagem e a integridade do eu. Sua outra função é enlaçar o real do gozo indizível ao universo do discurso.

 

     A expressão lacaniana "A mulher não existe" se deve à não ex-sistência de um artigo definido para definir A mulher. A epopéia grega bem exemplifica pela personagem Penélope a mulher [Exemplificada em Penélope aguardando o retorno de Ulisses, na Odisséia.] que tece e fia o vazio da espera pelo retorno de seu homem Ulisses. Uma mulher está mais próxima ao real pulsional. Uma mulher, enfim, a-presenta o gozo Outro irrepresentável pela medida fálica. Com efeito, as mulheres são uma a uma por não serem "toda" inseridas e abordadas pela medida fálica. Contudo, elas insistem em enlaçar ao dizer o que é da ordem da causa mais além do falo. Elas insistem em suprir o que é da ordem do real pulsional com algo que represente o irrepresentável.

 

     O Wunsch faz apelo ao falo para enlaçar a palavra ao que é do âmbito do gozo irrepresentável. Para alcançar o sentido antes à deriva, o pulsional anseia por um ponto de basta. Nem todo sentido, contudo, é captado pela lógica fálica. Embora seja afônico, o falo é chamado pelo desejo a exercer sua função de suporte, "reserva operatória" [Lacan. O seminário de 1962-63: A angústia. Inédito, lição 3.], para o que ameaça escapar ao sentido conotado por Lacan na "lingüesteria", no "blá, blá, blá", no "des-senso"/non-sense", na "inde-cência", e mais ainda, na "infâmia" e na "blasfêmia" [Lacan destaca a homofonia de "infâmia" e "blasfêmia" com o vocábulo "femme", que traduz na língua francesa a palavra "mulher". Lacan. O seminário - livro 20. Mais ainda (1972-1973)(1982, p. 108).]. Em todas estas ex-pressões, notamos uma tendência à queda do sentido instaurado na borda dos registros lacanianos do real, do simbólico e do imaginário. A essas expressões acrescentamos o vocábulo "difamação", acrescido às expressões anteriores, para lembrar o equívoco destacado por Lacan com a expressão da língua francesa dit-femme [Como nos ensina Lacan em O seminário - livro 20 (op. cit., p. 114) e no L'Etourdit(1972).]. Podemos considerar estas expressões relativas ao que da lógica da mulher indica o que se apaga nas margens do real e do simbólico para ser relançado ao universo das palavras e do dizer.

 

     Recordemos o que Freud considera em Análise teminável e interminável: um homem alcançaria um fim de análise quando, por exemplo, não mais confundisse a ameaça de castração com a submissão a outro homem. Podemos lê-lo de outra forma: quando não mais sofresse com a ameaça das exigências do supereu. O supereu é descrito por Freud, por um lado, como herdeiro do complexo de Édipo. Por outro lado, o supereu evoca a satisfação pulsional exemplificada e encarnada pelo pai da exceção. Um grande Outro, senhor do gozo e de todas as mulheres, é expresso na fantasia do neurótico desejante de possuir e gozar de todas as mulheres. Em outras palavras: o homem neurótico desejaria ser esse Um gozador sem ser ameaçado pelo temor de partilhar o gozo de urna mulher com outros homens! Encarnado no único, até mesmo em um personagem terrorífico, ameaçador e gozador, o pai da exceção é Um pai totêmico, Um todo-poderoso no qual se poderia supor o Um todo fálico. Seria correlato ao que Lacan, pela lógica, afirma estar referido: "ao menos Um que escapa à castração" [Lacan. O seminário - livro 20 (op, cit., p, 139).]. Enfim, o pai totêmico representaria a exigência pulsional de gozo apenso aos semblantes fálicos. "Quanto mais falo, mais poder"! No traço, se assim podemos dizer, o falo dá forma épica ao que é da ordem do gozo sexual!

 

     Poderia um homem encontrar uma saída pelo riso [O termo "risível" tem o mesmo radical que "riso".] e pelo humor para lidar com o gozo fálico? Por exemplo: será que poderíamos considerar que um homem, além de saber lidar com seus "semblantes fálicos" (aqueles colocados em série nos objetos representativos de seu poder e potência fálicos), encontraria uma outra forma de lidar com a exigência superegóica de gozo - Goza! -, vertente gozosa do supereu, apresentando-a sob uma modalidade peculiar e distintiva? Por exemplo, utilizando-se do humor? Será que uma certa dose e tonalidade cìe humor poderia mostrar que ele não se deixou enganar pelos semblantes fálicos? Será que poderia destinar seu gozo fálico transformando-o em Witz (piada)? Será que poderíamos considerar um fim de análise para um homem quando este pudesse abordar o pai como aquele que, exercendo a função de portador e mediador da palavra do Outro, poderia também consentir em se deixar conduzir pelo "fato" (destino) e então poder "fazer de uma mulher a causa de seu desejo?".

 

     Longe de tentar esgotar o tema, indagamos: e o que dizer em relação à mulher, uma a uma? Seria possível considerar um dos possíveis destinos do vazio de representação d'A mulher a transformação do traço que fixa o gozo e sua metaforização em poesia, em "lingüesteria"...? Estamos tomando como letra de gozo aquela marca distintiva cujo fim é o de fixar o que em uma mulher seria pura expressão de deriva pulsional. Freud diz que uma mulher busca mais ser amada do que amar. Também afirma que na mulher o supereu nunca se esgota plenamente, é mais fluido. Nela a castração é o ponto de partida. E por que não aproximar humor, amor e "almor" [Como o faz Lacan em O seminário - livro 20(op.cit., p. 105).], e prestar, como o faz Lacan, uma homenagem à expressão aristotélica: "o homem pensa com sua alma?". Ou seja, com o que de gozo "coça" e "incendeia" a alma feminina! Poderiam o "almor" e o humor serem considerados formas plausíveis de lidar com a angústia e o trauma como tratamento possível do real pelo simbólico?

 

     No encontro entre os sexos, encontro sempre faltoso com o real traumático do sexo, os homens que o digam: eles esperam que jamais aquele gozo "a-mais" da mulher seja traduzido em "mau humor" de TPM!!!

 

 

Referências Bibliográficas

 

 

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